Vampiro e Psicodelia

“Transe”(2024) é um filme de animação dirigido e escrito por Ana Carolina Farina, ingressada na Universidade Federal de Minas Gerais. Nesse curta de 1 minuto e 58 segundos acompanhamos uma mulher que é perseguida por um vampiro à noite enquanto espera no que parece ser um ponto de ônibus. 

Ana C. Farina, traz para este curta a utilização de duas técnicas belíssimas, porém muito ousadas também: a Pintura sobre vidro junto da Aquarela. As formas e texturas da tinta sobre o vidro trazem uma sensação de devaneio que conversa muito com a narrativa surrealista, entre o desejo da fera sobre a mulher e o suspense da perseguição. A vontade do vampiro de ter a garota é definitiva e seus poderes psíquicos entram em ação para conquistá-la.  Ela tenta fugir, mas chega o fatídico momento em que ele a captura, ou conquista dependendo do ponto de vista, nos trazendo um momento de ápice visual.

Não consegui, contudo, localizar a motivação principal para a adição do uso da aquarela em particular. Ela é usada nos momentos de desejo do vampiro sobre a moça? Ela é usada para representar seus pensamentos? Ou talvez a aquarela esteja ali apenas pela vontade e gosto da autora. Sua utilização agrega positivamente ao filme, pela beleza da arte em si e por essa mudança de técnicas e textura também que é trazido.  

As diversas cores usadas são vibrantes e muito lindas, remetendo muito a algo surrealista como citei antes. A animação que se distorce nas sequências junto das cores que não condizem com a realidade humana transformam tudo em uma experiência quase psicodélica. Os cabelos são roxos, a pele azulada com laranja e o vampiro verde é autoexplicativo.

E a história no final de tudo acaba com o vampiro a capturando, conosco sucumbindo ao desejo e ao prazer. 

“Transe”, afinal, é um curta rápido que, utilizando as técnicas de Pintura sobre Vidro e Aquarela, nos proporciona uma experiência visual linda e muito criativa, com uma história sobre desejo e vampiros muito interessante.