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HOMENAGEM
DESVER
FESTIVAL DE CINEMA
UNIVERSITÁRIO
DE MATO GROSSO DO SUL
ADIRLEY QUEIRÓS
Adirley Queirós é um dos mais inventivos realizadores brasileiros. Rodados em Ceilândia, cidade na periferia de Brasília onde vive desde a infância, seus trabalhos propõem uma reinvenção radical das relações entre documentário e fantasia, estética e política, no cinema. Adirley é celebrado por longas como Branco Sai, Preto Fica (2014), Era uma Vez Brasília (2017) e Mato Seco em Chamas (2022). Nestes trabalhos, se notabilizou por fundir o imaginário da ficção científica aos materiais cotidianos da vida em Ceilândia. Resulta daí uma obra de transbordante imaginação. Ferros-velhos e naves espaciais, bailes Black e e viajantes no tempo, rádios piratas
e agentes intergalácticos, igrejas neopentecostais e refinarias clandestinas, estes e outros elementos aparentemente antagônicos se amalgamam com naturalidade nas narrativas urdidas por Adirley.
Em suas fábulas futuristas, Adirley Queirós coloca a moderna história brasileira - da construção de Brasília à recente ascensão da extrema direita - em permanente questionamento. Não à toa, a capital federal, e suas relações com suas margens, é tema incontornável em sua obra. Seu cinema desvela as estruturas de racismo, segregação e violência aninhadas no sonho modernista de Brasília. Ao mirar o centro da política nacional, ostenta um olhar situado. Adirley fala invariavelmente a partir de Ceilândia, mesmo que seus filmes mobilizem energias culturais comuns a tantas outras periferias urbanas: a música popular - do rap ao brega - o futebol, a luta operária, formas da vida social com as quais encena uma radical contra-memória brasileira.
Os filmes de Adirley Queirós foram exibidos em alguns dos mais importantes eventos de cinema do mundo, como os festivais de Berlim, Locarno e Nova York. Sua obra é distribuída em diversos países, figurando também em plataformas de streaming como a Netflix.
Artista homenageado nesta edição do Desver, Adirley Queirós tem uma retrospectiva incluída na programação do festival. Além disso, em sua passagem por Campo Grande, ele apresentará uma aula magna na abertura do festival e, nos dias seguintes, ministrará uma oficina de direção cinematográfica aberta ao público.
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